Lição 10: A Intercessão pelos Efésios Escola Dominical 2° Trimestre 2020 – Subsídio Apoio ao Professor
Texto Áureo: (Ef 3.14,15) “Por causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome.”
Introdução
Na intercessão paulina, também aprendemos que Deus pode fazer tudo além do que pedimos ou pensamos, sendo Ele o único digno de ser glorificado (3.20,21). A oração do apóstolo inicia com a expressão “por causa disso” ou “por esta razão” (3.14a), expressão que aparece pela primeira vez em Efésios 3.1 e que volta a ser mencionada em referência às imensuráveis dádivas contidas na revelação do mistério oculto em que os gentios são alcançados pela misericórdia e graça divinas. A invocação é dirigida “perante o Pai […], do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome” (3.14,15).
A expressão “perante o Pai” representa o acesso direto a Deus por meio do sangue de Cristo e do Espírito Santo. Quanto à expressão “toda a família”, Stott avalia que é melhor traduzir no sentido de “toda a família dos crentes”, indicando tanto a Igreja militante na terra como a Igreja triunfante nos céus, as duas partes da única grande família de Deus. Ao Pai dessa família (que é a Igreja), por meio das suas imensuráveis riquezas, Paulo pede aos crentes que sejam por Ele corroborados com o poder do Espírito e arraigados e fundados em amor.
I. CORROBORADOS COM O PODER DO ESPÍRITO
1. As Riquezas da sua Glória
Paulo apresenta a sua oração confiando “nas riquezas da glória [de Deus]” (3.16a). O apóstolo já tinha declarado que Deus é “o Pai da glória” (1.17), cheio de “abundantes e insondáveis riquezas” (2.7; 3.8). Isso significa que Deus é possuidor de todas as glórias e despenseiro de ricas e ilimitadas bênçãos. Nessa direção, também aponta Foulkes ao declarar que “Paulo não apenas ora para que Deus dê ‘dos tesouros de sua glória’, mas segundo tal riqueza (Fp 4.19). Ele dá sem limite porque Ele próprio é infinitamente maior do que a ‘medida da mente humana’, e as riquezas que Ele dá são de Sua própria natureza”.
Na concepção da doutrina bíblica, Deus é pleno de glória (Rm 2.4; 9.23; 11.33; Fp 4.19; Cl 1.27; 2.2). Essa glória indica a sua grandeza e majestade e o seu glorioso e sobre-excelente poder. Ensina que Deus não é limitado, porquanto a sua fonte é a riqueza da sua glória. Paulo não tem dúvidas acerca dessa verdade. Pela revelação do Espírito, o apóstolo compreendeu que Deus tem recursos inesgotáveis e que Ele pode atender à sua oração
Em razão disso, ele pede a Deus em oração que a Igreja seja fortalecida com poder, que permaneça habitada por Cristo, que compreenda o amor divino e que tenha pleno desenvolvimento espiritual (3.16-19).
2. Fortalecidos com poder
O primeiro pedido na intercessão paulina é para que a Igreja seja corroborada “com poder pelo seu Espírito no homem interior” (3.16b). Essa petição não quer dizer que a Igreja em Éfesios não tivesse o Espírito de Deus (ver 1.14). A oração é para que a Igreja fosse continuamente revigorada com poder para o seu fortalecimento diário (1 Co 16.13). A Palavra de Deus enfatiza que a única força que habilita o crente a manter-se firme advém do Espírito Santo (Jo 14.16-17). Esse poder atua no homem interior e capacita o crente a perseverar, a manter-se afastado do pecado e a compreender as coisas espirituais (1 Co 2.12-16).
Esse entendimento é unanimidade entre os intérpretes do Novo Testamento. O teólogo reformado Erasmus Sarcerius (1501–1559) afirma que: Esse fortalecimento poderoso, pelo qual permanecemos firmes na verdadeira doutrina e pelo qual podemos crescer e progredir em coisas espirituais, é obra do Espírito santo […]. O Espírito Santo é o nosso fortalecedor, que nos torna mais firmes por meio do seu poder no ser interior e nos mantém na verdadeira doutrina […]. Por causa dessas funções, as Escrituras dizem que o Espírito Santo é aquele que nos sela, é nosso penhor ou garantia.
Corrobora com essa compreensão o teólogo católico Rinaldo Fabris (1936–2015), quando assegura que “só a ação do Espírito, dom da generosa potência salvífica de Deus (Pai), pode tornar os fiéis perseverantes e seguros em sua nova dimensão de vida; só a presença interior e estável de Jesus, fundada na adesão de fé, é condição para uma vida cristã madura”.
O teólogo pentecostal Elienai Cabral segue nessa mesma direção ao enfatizar que “o homem natural não tem poder para combater o pecado, porque o pecado reside no seu interior. Somente pela sua transformação através da obra regeneradora do Espírito Santo é que ele se torna homem espiritual”.O apóstolo trata desse assunto, dentre outros temas, nas suas Epístolas aos Romanos, aos Coríntios e aos Gálatas. Aos Romanos, por exemplo, ele discorre acerca das duas naturezas presentes no homem: (1) a carnal (o homem exterior) e (2) a espiritual (o homem interior): “segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei que […] me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros” (Rm 7.22,23). Isso indica que, enquanto estivermos nessa terra e em nossos corpos humanos, enfrentaremos esse conflito com a carne e o pecado.
Aos Coríntios, ele enfatiza o indispensável e constante processo de renovação do homem interior por meio do poder de Deus: “Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia” (2 Co 4.16). Isso significa que, embora estejamos suscetíveis às fraquezas e aos sofrimentos de nossa carne, o Espírito de Deus operando em nós capacita o cristão a prosseguir e a não desfalecer. Mesmo as melhores pessoas precisam de renovação contínua do homem interior dia a dia.230 Ambos os textos (Rm 7.22,23 e 2 Co 4.16) evidenciam a contumaz batalha travada entre a carne e o Espírito, anotada por Paulo na sua carta aos Gálatas (Gl 5.17).
Ciente da realidade humana concernente à fraqueza da carne e da sua inclinação para o mal (Rm 8.7), Paulo exorta aos irmãos na Galácia e a todos nós: “[…] Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16). Em outras palavras, ratifica-se aqui o ensino de que só é possível vencer o pecado e perseverar em santidade pelo poder do Espírito Santo, sendo esse o sentido da intercessão de Paulo junto ao Pai em favor dos efésios: “Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior” (Ef 3.16b). 3. Habitados por Cristo Paulo também orou para que Cristo habitasse pela fé no coração dos santos (ver 3.17a). Novamente, o pedido não significa dizer que Cristo não estivesse presente na Igreja em Éfeso. Tanto a habitação de Cristo no coração quanto o poder do Espírito Santo são experiências similares (2.22). O Comentário Beacon assevera que “o fortalecimento pelo Espírito e a habitação de Cristo no coração não são experiências totalmente diferentes.
É mais do que óbvio que desfrutar a presença do Espírito equivale a desfrutar a presença de Cristo”. O Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal complementa esse argumento ao destacar que Cristo encontra habitação duradoura no coração dos crentes. Na Bíblia Sagrada, o termo “coração” sempre se refere ao centro das emoções e da vontade de uma pessoa. Cristo fixa residência permanente, mudando o “coração” e, consequentemente, as suas palavras e pensamentos.Hendriksen valida essa percepção e confirma que o “coração é a fonte central das disposições, tanto quanto dos sentimentos e dos pensamentos (Mt 5.19; 22.37; Fp 1.7; 1 Tm 1.5). É do coração que flui a vida (Pv 4.23).
Nesse sentido, “coração” é o equivalente à expressão “homem interior”, que figura no versículo anterior. O termo “coração” aponta para o íntimo do homem, onde Deus passa a fazer morada, por tornar-se templo do Espírito Santo (1 Co 3.16). No versículo em questão, o verbo grego traduzido por habitação é katoikein, que significa “habitação permanente”, em oposição à “habitação temporária”. Segundo Handley Moule, citado por Stott, “a palavra expressamente denota a residência em contraste com o alojamento, a habitação do dono da casa no seu próprio lar em contraste com o viajante que sai do caminho para pernoitar em algum lugar, e que no dia seguinte já terá ido embora”.
Essa informação sinaliza que a oração apostólica era para que Cristo habitasse continuamente na vida da Igreja. E o ensino novamente deixa claro que a igreja não pode subsistir às forças do mal sem Cristo (Mt 16.18).
II. ARRAIGADOS E FUNDADOS EM AMOR
1. Amor: A Virtude Cristã
Todas as características divinas são manifestadas por meio dos atributos da sua natureza. Nas Escrituras, o amor é atributo divino: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1 Jo 4.8). Foi por amor que Cristo entregou-se para o resgate da humanidade (Ef 5.2). Bergstén afirma que “a Bíblia não somente diz que Deus ama os homens, mas que Ele é amor […]. Toda a trindade é uma expressão do amor divino. A Bíblia fala de Jesus, o Filho de Deus, do seu amor que excede todo o entendimento (Ef 3,19).
Fala também do amor do Espírito Santo (Rm 15.30)”.235 Nas cartas paulinas, a palavra “amor” figura com proeminência. Nos seus escritos, por exemplo, o termo grego agapê (amor) aparece 75 vezes, a expressão agapaõ (demonstrar amor) ocorre 34 vezes, e agapêtos (alguém que é amado) é utilizado 27 vezes. O entendimento paulino do evangelho está centrado no amor de Deus manifestado em Cristo. O Senhor Jesus ensinou que o amor é o resumo da Lei e dos profetas (Mt 22.34-40). Antes de ser preso por ocasião da Páscoa, Ele disse que o amor seria o sinal dos seus discípulos (Jo 13.35).
O apóstolo João destaca que o amor é a prova de filiação com Deus (1 Jo 4.7) e que deve ser expresso por meio de atitudes (1 Jo 3.17). O amor, portanto, é a maior de todas as virtudes e o princípio que norteia o fruto do Espírito (1 Co 13.13). Ciente dessa relevância, o apóstolo implora a Deus para que o viver da Igreja seja arraigado e alicerçado em amor. 2. Arraigados e fundados em amor Após rogar ao Pai pelo poder do Espírito e a habitação de Cristo, o apóstolo clama para que a Igreja possa também compreender e viver na prática do amor (Ef 3.16,17). A expressão “arraigados e fundados em amor” (3.17b) compara os santos a uma árvore bem enraizada e a uma casa bem alicerçada. Essas duas imagens são inspiradas no mundo das plantas e na arte da construção, sendo bem conhecidas da tradição bíblica e judaica para descrever a experiência espiritual (Jr 1.10; 18.9; 31.28).
Ambas as metáforas enfatizam a profundidade e a maturidade em contraponto à superficialidade e à imaturidade espiritual. O Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento ratifica o conceito que a expressão “estar arraigado em amor” sinaliza raízes que se aprofundam no solo, e “estar fundado” em amor assemelhase a um edifício com poderosos alicerces estabelecidos sobre sólidas rochas.
Nesse sentido, essas declarações indicam que a vida cristã não tem sustentação alguma sem o amor, que é a essência do cristianismo (1 Co 13.1-3). Por causa disso, o apóstolo insiste pela total compreensão de “qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade” do amor divino (Ef 3.18b). Stott avalia que esses termos não são apenas retóricos, mas a constatação de que “o amor de Cristo é suficientemente largo para abranger a humanidade toda, suficientemente comprido para durar por toda a eternidade, suficientemente profundo para alcançar o pecador mais degradado e suficientemente alto para levá-lo ao céu”.
Sem dúvidas, o uso dessas expressões aponta para a vastidão do amor de Cristo, “que excede todo o entendimento” (3.19a). Foulkes assinala que esse amor é infinitamente maior do que o homem é capaz de compreender ou imaginar de modo cabal, sendo também muito mais do que qualquer objeto de conhecimento; é superior ao conhecimento (1 Co 8.1), mesmo ao conhecimento espiritual (1 Co 13.2). Essa concepção paulina indica que a lógica humana não pode mensurar o amor de Deus.
2. A Intensidade do Amor de Cristo
Consciente de que somente o Espírito pode fazer entender e experimentar a grandeza do amor de Deus, Paulo persevera em pedir aos crentes para que conheçam a intensidade do amor de Cristo (Ef 3.18,19a). As expressões “[…] a fim de […] poderdes perfeitamente compreender” (3.18a) e “conhecer o amor de Cristo” (3.19a) sugerem a dificuldade de conhecer as coisas profundas de Deus por nossas faculdades meramente humanas.
Necessitamos, portanto, da ação do Espírito Santo para a perfeita compreensão e verdadeiro conhecimento. O apóstolo sabe que o esforço humano não pode atingir essa meta; por isso, ele acrescenta na oração para que os crentes sejam “cheios de toda a plenitude de Deus” (3.19c). Aqui, Moody chama atenção para o fato de que Paulo não está pedindo que a “vida dos leitores seja divinizada; eles não serão cheios da plenitude da qual Deus está cheio como Ser infinito. O desejo do apóstolo é que eles desfrutem a plenitude da graça que Deus comunica aos homens por seu Filho”.
Esse desejo é enfatizado no capítulo 5 de Efésios. Paulo exorta os crentes a serem “imitadores de Deus, como filhos amados” (5.1) e, para tanto, conclama a todo cristão a andar em amor: “[…] como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (5.2). Desse modo, a ênfase recai na necessidade de o cristão identificar-se com Cristo, entender a intensidade do amor e seguir os passos do Mestre. Assim como somos amados por Cristo, também devemos amar uns aos outros (1 Jo 4.10-11).
III. A BÊNÇÃO DE DEUS EXCEDE O PENSAMENTO HUMANO
1, A dimensão das bênçãos divinas
O apóstolo termina a sua oração com uma doxologia (Ef 3.20,21). Aprendemos nas Escrituras que é apropriado concluir nossas orações com louvores. Cristo ensinou-nos a encerrar nossas petições reconhecendo que “o Reino, e o poder, e a glória” pertencem a Deus para todo o sempre (Mt 6.13). Na sua petição pelos efésios, Paulo lembra que a magnitude do poder de Deus é capaz de fazer “muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef 3.20).
As palavras do apóstolo indicam que aquilo que Deus pode fazer ultrapassa em demasiado nossos melhores anseios e desejos. Mathew Henry afirma que “existe uma plenitude inesgotável de graça e misericórdia em Deus que as orações de todos os santos nunca podem esgotar”.
Isso quer dizer que a mente humana é incapaz de alcançar a dimensão das bênçãos divinas que Deus tem para oferecer e que estão disponíveis para os fiéis. O Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal conjectura que nossos pensamentos incluem mais do que ousamos pedir em nossas orações. Assim, pelo seu muito amor, e pela grandeza do seu poder, e por meio do seu Espírito, Deus atendenos até mesmo nos sonhos não mencionados ou naquilo que não nos consideramos dignos de ser atendidos: Ele responde até mesmo as orações não pronunciadas.
Deus pode agir além da nossa capacidade de pedir ou mesmo imaginar […]. Deus está muito acima e além das nossas mentes finitas. Deus é capaz porque é Todo-poderoso. A incomensurável profundidade do amor de Cristo é acrescentada a extraordinária abundância do seu poder. Os crentes podem reivindicar o grande amor de Cristo (3.19) e saber que o seu poder está operando dentro de nós através do Espírito Santo.
O Comentário Bíblico Beacon avalia que Paulo não pediu coisas pequenas na sua oração. O apóstolo apresentou a Deus, dentre outras petições, que os crentes fossem iluminados, fortalecidos de poder, que vivessem em amor e fossem cheios do Espírito Santo até a plenitude. Ao concluir a sua oração, o apóstolo não estava constrangido pelas suas altas aspirações; ao contrário, ele estava convicto de que os seus pedidos jamais poderiam esgotar os recursos divinos.
Escrevendo aos Coríntios, Paulo corrobora com esse ensino ao declarar que as coisas que sequer “subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam” (1 Co 2.9). Essa instrução ratifica que os pensamentos do Senhor são muito mais altos do que os nossos (ver Is 55.9). Desse modo, o poder divino que age na vida do crente e as bênçãos disponíveis são impossíveis de dimensionar. O ensino bíblico declara que a sobre-excelente grandeza do poder de nosso Deus é capaz de responder para além das mais audaciosas orações (ver 1 Rs 3.5-14).
No entanto, a respeito do poder da oração e da sua eficácia, Wayne Grudem faz uma séria advertência à Igreja hodierna: “Se estivéssemos realmente convencidos de que a oração muda o modo como Deus age e de que Deus de fato causa notáveis mudanças no mundo em resposta à oração como as Escrituras repetidamente ensinam, então oraríamos muito mais do que fazemos hoje”.
2. O Convite para Adoração
Paulo encerra esse capítulo com o convite de adoração a Deus, cuja glória é devida “na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações” (Ef 3.21). A conclusão paulina não poderia ter sido diferente. Nos versículos anteriores, ele discorreu acerca da boa nova do mistério revelado (3.3-5), das muitíssimas riquezas de Cristo conferidas à Igreja (3.8,9), da grandeza do poder de Deus (3.16) e da infinitude do amor e de todas as bênçãos divinas que excedem a compreensão humana (3,19,20). Mercê dessas e das demais bênçãos, a única coisa a ser acrescentada era o louvor ao Senhor Deus, detentor de tamanhas dádivas.
Esse quesito da adoração, além da oração, é outro aspecto que precisa ser restaurado em algumas “pseudoigrejas” de nosso tempo. Em diversos lugares, são comuns os cultos de oração, cultos de vigílias e as “campanhas de oração”, onde inúmeras e variadas petições são apresentadas diante do trono de Deus. Entretanto, são raros os cultos de ações de graça e adoração para render louvores pelas dádivas alcançadas. É imprescindível, portanto, abordar o assunto da adoração e dar-lhe a atenção necessária. Adoração pode ser definida como a atividade de glorificar a Deus na sua presença com nossa voz, nosso coração e nossas atitudes.
O chamado do evangelho é um chamado à adoração; os salvos devem glorificar o nome do Senhor por terem suas vidas transformadas pelo Espírito Santo.
3. A Glória devida a Deus
Paulo prossegue a ensinar aos Efésios que Deus deve ser glorificado “na igreja, por Jesus Cristo” (Ef 3.21). Isso quer dizer que os atos de louvar e glorificar a Deus fazem parte dos propósitos da instituição da Igreja (ver 1.6,12,14). A Igreja nunca terá glória em si mesma; toda a glória é exclusivamente tributada para Deus por intermédio da obra de Cristo (Sl 115.1, Jo 13.31-32). Wolfgang Musculus, no seu Comentário aos Efésios, assegura que Deus deve ser glorificado onde quer que a Igreja esteja estabelecida: “Na igreja”, diz Paulo. Porque não em toda parte, no céu e na terra? Os anjos não cantaram “glória a Deus nas maiores alturas”? Porque ele diz “na igreja”?
Minha resposta é que, como tinha acabado de falar sobre o mistério de Cristo, que começou a ser revelado na igreja, ele elogiou essas coisas e ressaltou o que Deus estava fazendo nos seus eleitos e nas pessoas fiéis pela pregação do evangelho. Ele estava certo em nos lembrar de que Deus deve ser glorificado em primeiro lugar na igreja, para que seja glorificado em toda parte. A terra está cheia da majestade de Deus, mas como as inesgotáveis riquezas e graças de Deus foram derramadas sobre os […] fiéis na igreja, é apropriado que Ele seja glorificado na igreja com zelo particular.
Essa também é a percepção anotada por Matthew Henry ao argumentar que, na Igreja, “cada membro em particular, judeu ou gentio, coopera nessa obra de louvar a Deus. O mediador desses louvores é Jesus Cristo. Todos os dons de Deus vêm por meio da mão de Cristo; e todos os nossos louvores passam de nós para Deus por meio da mesma mão”.
Nesse aspecto, o Comentário Bíblico Beacon lembra que a Igreja é o campo onde se exterioriza o plano de Deus aqui na terra (Ef 3.10), que a glória ocorre por meio de Cristo, pois foi Ele quem trouxe a Igreja à existência por meio do sacrifício e ressurreição dos mortos.Por fim, o apóstolo anela que essa postura de adoração e exaltação a Cristo perdure “por todas as gerações” e enfatiza o seu pedido com a expressão“para todo o sempre”. Moody, ao comentar essas expressões, enfatiza que “a glória de Deus está sendo manifesta por toda a eternidade no corpo que Ele redimiu […]. Literalmente, por todas as gerações, pelo século dos séculos. Uma expressão muito forte para a eternidade”.
Isso significa que o louvor e a adoração devem ser praticados por todos os crentes de ontem, de hoje, de amanhã e depois de amanhã, e continuamente por toda a eternidade!