EBD | 2° Trimestre De 2021 – Editora Betel Jovens | Tema: Os Evangelhos – A representação de Jesus em quatro dimensões | Lição 02: Panorama dos Sinóticos
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Estudar os Evangelhos Sinóticos;
Mostrar o objetivo e o contexto de cada Sinótico;
Evidenciar a Cristologia em Mateus, Marcos e Lucas.
Texto de Referência:
VERSÍCULO DO DIA
“E maravilharam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas”. Mc 1.22
VERDADE APLICADA
A harmonia existente entre os Evangelhos é percebida nos pormenores acerca de Cristo.
MOMENTO DE ORAÇÃO
Oremos para que o conhecimento bíblico venha nos levar a experienciar mais Jesus em nosso cotidiano.
LEITURA SEMANAL
SEG | Mc 2.28 – Jesus como Senhor do Sábado.
TER | Mt 22. 41-46 – Jesus Cristo, filho de Davi.
QUA | Lc 2.40 – Jesus crescia em graça.
QUI | Mc 5.7 – Jesus, Filho do Deus Altíssimo.
SEX | Lc 5.17 – A virtude de Deus estava sobre Jesus.
SÁB | Mt 8.26 – Jesus tem poder sobre as tempestades.
INTRODUÇÃO
Para a compreensão dos Sinóticos é de suma importância entender o contexto e o objetivo de cada um dos evangelistas em suas respectivas narrativas, para que possamos perceber a grandeza da revelação vista em prismas diferentes.
Ponto Chave
“A biografia de Jesus é a temática central nos sinóticos”.
1. ESTUDANDO O EVANGELHO DE MATEUS
Sabemos que Mateus era cobrador de impostos, que Jesus o chamou para ser um de Seus doze discípulos (Mt 9.9-13). Portanto, o autor conviveu com Cristo, sendo assim, testemunha ocular de muitos fatos de sua narrativa.
1.1. Data e Propósito de Mateus. A data aproximada de sua escrita é 58 a 68 d.C, momento este de muitas perseguições e de tensões cristãs e judaicas. Considerando tais momentos, Mateus escreve objetivando mostrar Jesus não apenas como Messias, mas como Filho de Davi, ou seja, aquele para quem a palavra alude sobre a sucessão do trono de Davi (Is 9.7). Ao lincar os eventos de Cristo com as passagens do Antigo Testamento, Mateus não somente mostra Cristo como cumprimento messiânico, mas também ajuda os cristãos em sua defesa no embate com o judaísmo do primeiro século da época cristã.
1.2. O Conteúdo de Mateus. O Evangelho de Mateus mostra de forma detalhada a genealogia de Cristo; evidencia sua linhagem à tribo de Judá, bem como os seus discursos a céu aberto, fazendo alusão à vida prática e a interpretação correta do Decálogo. Para corroborar Sua Messianidade, Mateus descreve cerca de 20 milagres, sendo o primeiro a cura de um leproso (Mt 8 1-4), evidenciando Jesus como o remédio para a lepra, uma das piores pragas do AT (Lv 13.44-46). A não ser no início e no final do Evangelho, Mateus não descreve eventos de forma cronológica, pois sua narrativa visa mostrar que Jesus é o Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo (Ap 13.8).
Refletindo: “Os sinóticos revelam a harmonia dos Evangelhos ao relatar a biografia do Messias”. (Richard Hoover)
2. MARCOS E SEU EVANGELHO
Sabemos que o autor é João Marcos, que participou da primeira viagem missionária de Paulo, mas que desertou (At 13.13). Marcos não andou com Cristo, mas historiadores, como Eusébio, afirmam que Pedro foi a fonte para a escrita do Evangelho de Marcos, provavelmente quando conviveram no início da Igreja primitiva. Este Evangelho foi escrito em Roma.
2.1. Ocasião da escrita. A provável data da escrita deste Evangelho é 67 a 68 d.C., após o martírio do apóstolo Pedro. Este foi um dos piores momentos para os cristãos, pois as perseguições tornaram-se ferrenhas com a ascensão de Nero como Imperador. Diante deste cenário de morte e pavor constante na época dos primeiros cristãos, Marcos escreve com o intuito de encorajar os cristãos com o testemunho de Cristo, que mesmo diante de uma morte cruel e injusta, obteve vitória, sendo exaltado por Deus.
É necessário considerar também o objetivo evangelístico dos escritos de Marcos, pois visava alcançar pessoas que viviam fora da Palestina, e não conheciam de fato os eventos da vida, ministério e obra de Cristo, bem como o seu poder sobrenatural sobre as enfermidades (Mc 1.45).
2.2. A ênfase do Evangelho de Marcos. Algo interessante encontrado nesta narrativa é a expressão “imediatamente”, que aparece cerca de quarenta e duas vezes em dezesseis capítulos, mostrando um Cristo em constante movimento no exercício de Seu Ministério nas regiões da Galileia e Jerusalém. É possível computar dezoito milagres e cinco parábolas em seus escritos, reforçando a tônica do Evangelho da ação (Mc 6.56).
Marcos apresenta Jesus como servo. Em seu relato não encontramos nada sobre a genealogia e o nascimento de Jesus. Marcos cita pouco a lei e os costumes judaicos, reforçando a ideia de ter como destinatário os gentios, ampliando a ideia de um Evangelho universal, não circunscrito a um povo ou extensão geográfica. Ao relatar sobre a grande comissão, Marcos é categórico ao dizer: Ide por todo o mundo (Mc 16.15), revelando assim, que o alcance da obra de Cristo teria que ser mundial.
3. ANÁLISE DE LUCAS E SEU EVANGELHO
Lucas é conhecido como o médico amado (Cl 4.14), reconhecido como o autor do Evangelho de Lucas e de Atos dos Apóstolos. Lucas fez parte da comitiva paulina em alguns momentos e esteve com ele até o fim de sua vida (2Tm 4.11).
3.1. O Contexto do Evangelho de Lucas. Ao escrever seu tratado a Teófilo, um grego de alta patente, Lucas visa mostrar que o Cristianismo não é mais um dos enésimos sistemas religiosos que versam sobre valores teológicos criados por homens. A narrativa, através de um estudo acurado dos fatos, mostra Cristo como alguém que faz parte da História e que veio como o “Filho do homem” revelar o grande amor de Deus para a humanidade.
Provavelmente, Lucas escreve este Evangelho por volta dos anos de 58 a 60 d.C., depois que se ocupou em levantar informações acerca de Cristo, pois também não o conheceu pessoalmente. Pelo momento de bastante perseguição, o escrito ainda serviu para solidificar a fé de muitos que sofriam pela causa do Evangelho.
3.2. A temática adotada por Lucas. Lucas mostra de forma documentada o plano de salvação por meio de Jesus. O conceito central em torno de Cristo como membro de uma família, tendo a sua vivência ilibada diante da sociedade, e pelo poder do Espírito Santo, era tratado como Filho do homem. Em Lucas 19.10, vemos que o Filho do homem veio salvar e buscar o que se havia perdido. A narrativa lucana traz uma ênfase especial sobre a bondade de Cristo no que se refere às mulheres, os fracos, os pobres e os que viviam à margem da sociedade.
Outro ponto interessante é que, em Lucas, encontramos mais referências à oração do que nos outros Evangelhos, especialmente a vida em oração de Jesus, como na situação do batismo (Lc 3.21) e na ocasião em que se retirava para orar nos desertos (Lc 5.16).
SUBSÍDIO PARA O EDUCADOR
Subsídios Teológico e Histórico
Dos quatro evangelistas, somente Mateus e João estavam entre os doze discípulos, e isto faz toda a diferença nos relatos apresentados na exposição dos Evangelhos. Mateus como testemunha ocular dos fatos não usa a septuaginta, mas usa com fidelidade o texto massorético na associação das profecias messiânicas, corroborando com a ideia de que o Evangelho de Mateus fora escrito em hebraico. Este argumento é ratificado também pela expressão “Reino dos Céus”, e não Reino de Deus.
Esta tendência de referir-se a Deus usando a palavra céu, também é aparente na tradição judaica de mishná, dos rabis, não, porém, nos Targuns aramaicos, que usam a frase “Reino de Deus”, como as encontradas nos demais Evangelhos. Outro pormenor do evangelista Mateus a considerar é o enfoque do judeu palestino, ao falar com detalhe sobre a vida judaica e seus costumes religiosos, mormente aos citados no Sermão do Monte, cujo objetivo de Jesus era corrigir as interpretações erradas da Torá, que não passavam de elucubrações da lei.
CONCLUSÃO
Os Evangelhos Sinóticos apresentam a Cristo a partir de olhares diferentes, porém, de forma contundente, relatam o grande projeto de Deus, que é a salvação da humanidade por intermédio de seu Filho.
Complementando
Os críticos examinam pormenores dos textos sinóticos tentando achar contradições entre os textos, mormente os defensores da teologia liberal, porém os textos se complementam e se ajustam tal qual um quebra-cabeça.
Eu ensinei que:
Os evangelistas em seus relatos acerca da vida de Cristo, formaram a biografia mais completa para o embasamento das doutrinas bíblicas.