A Mulher e o uso do véu no Culto

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Introdução

Alguns grupos evangélicos, e, em alguns casos, os católicos, ensinam que a mulher deve cultuar a Deus coberta com um véu. Entre alguns grupos evangélicos, a mulher não pode sequer cortar um pouco do cabelo porque entendem que este lhe foi dado como véu.

Como entender 1 Cor. 11.1-16? Vamos relacionar alguns pensamentos sobre o problema.

1. O assunto só é discutido por Paulo nesta passagem da 1° Epístola aos Coríntios. Em nenhum outro lugar.

2. O tema principal deste bloco escriturístico é exatamente a posição da mulher em relação ao homem e, consequentemente, como ela deve apresentar-se diante de Deus. E a conclusão é que o véu era sinal de poderio do marido sobre a esposa: 1 Cor. 11.10, Gn. 24.65.

Era assim que acontecia entre os judeus no contexto cultural do Velho Testamento. Quando Rebeca recebeu Isaque como esposo, ao saber que era ele que se aproximava dela, cobriu-se com um véu. Sinal de que aceitava o poderio do marido sobre ela.

3. Diga-se apenas de passagem que esse “sinal de poderio” não significa uma posição inferior da mulher, pois Paulo procura mostrar nos versos 11 e 12, que a mulher e o homem são interdependentes, chegando a admitir que, assim como a mulher provém do varão, o varão também provém da mulher (no sentido de nascer de uma mulher).

4. Se o texto deixa transparecer que Paulo fala de poderio do marido sobre a mulher, o ensinamento envolvia apenas a mulher casada, e não se fala nada da mulher solteira. Como deveria ela comparecer diante de Deus para o culto? Não havia nenhuma recomendação.

5. O que Paulo está ensinando aqui é: ou a mulher tem véu ou rapa a cabeça toda (1 Cor. 11.6). Mas rapar a cabeça era problemático. Para os judeus, rapar a cabeça, era sinal de voto (Atos 18.18; 21.23,24). Portanto, era válido diante de Deus. Mas para o mundo grego, só as mulheres escravas e as que haviam cometido pecado de adultério rapavam a cabeça.

Também haviam as prostitutas sagradas de templos pagãos que rapavam a cabeça em Corinto. Assim, não era decente para a mulher cristã rapar a cabeça para cumprir uma determinação religiosa.

6. Pelo que se nota do texto, em nenhum lugar Paulo proíbe a mulher cortar um pouco do cabelo ou tê-lo mais curto ou mais comprido. O que ele ensina é: ou tem cabelo ou rapa a cabeça por completo. Mas não fala de cortar um pouco do cabelo. Afinal, a cobertura poderia ser mais curta ou mais comprida. Se não fosse assim, seria difícil para mulheres africanas puras, cujo cabelo é, geralmente, muito curto, usá-lo como véu.

Aliás, o verso 15 fala que é honroso para a mulher ter cabelo comprido ou crescido, dizendo que este lhe foi dado como véu. Mas a palavra para “véu” no verso 6, quando trata da mulher em ato de culto diante de Deus, não é a mesma aqui no verso 15, que algumas traduções vertem por “mantilha”. Aqui, quando fala de cabelo comprido, não se refere a véu para o ato de orar ou profetizar no culto.

Portanto, trata-se apenas de uma questão de “honra” ou “glória”, contrastando com a situação do homem, para quem é desonroso ter cabelos compridos (11.14).

7. Quando Paulo emprega a expressão: “por causa dos Anjos” em 1 Cor. 11.10, ele está querendo dizer: se uma mulher tem poderio do marido e não demonstra pelo símbolo do véu ou do cabelo no culto, ela está mentindo diante da congregação, e os Anjos estão vendo isto e eles não gostam de mentira (Ecl. 5.6).

8. O símbolo do véu na mulher (e não no homem), era um costume judaico e de alguns povos antigos. Paulo estava reforçando esse ensino para que a mulher cristã não causasse escândalo aos pagãos. Nos dias de hoje, não temos este costume entre nós. Não há nenhum escândalo em uma mulher aparecer diante de Deus com véu ou sem véu; com cabelo curto ou cabelo comprido, desde que se traje decentemente. O problema é humano e não divino.

9. Para trazermos o costume judaico para a mulher cristã de hoje, teremos que fazer a mesma coisa para os homens também. Antes de mais nada, eles não poderiam usar calças, nem gravata, nem bigode, porque são costumes modernos.

Eles teriam que andar de vestidos grandes e largos e, como era honroso diante de Deus, teriam que ter barbas longas (2 Sam. 10.1-5; 1 Cron. 19.1-5; Salmos 133), o que não acontecia com os Egípcios do tempo de José, que rapavam a barba (Gn. 41.14). Obs. Vestimenta – Dt 22. 5, 8

10. Ainda mais, certos ensinos de Paulo eram muito particularmente dele e não constituíam, propriamente, mandamentos do Senhor. Em 1 Cor. 7.6, ele ensina algo por permissão e não por mandamento; em 7.12, ele declara: “Digo eu, não o Senhor”; em 7. 25, não tendo mandamento do Senhor, ele dá o seu “parecer”; em 1 Tim. 2.12, ele diz: “não permito, porém, que a mulher ensine…”.

Eram ensinamentos pessoais de Paulo, naturalmente baseados em situações meramente culturais, para aquele tempo, e não constituíam ensinamento permanente para o povo de Deus.

11. Finalmente, todo o véu foi tirado do cristianismo. Quando Jesus morreu na Cruz, o véu que separava o Santo dos Santos e impedia as pessoas de olharem para aquilo que representava a presença de Deus, rasgou-se de alto a baixo, acabando com aquela barreira.

Agora a presença de Deus está aberta a todos, indistintamente. Por outro lado, falando aos mesmos cristãos de Corinto, Paulo comenta que Moisés, quando veio do Monte Sinai, seu rosto brilhava e tiveram que cobri-lo com um véu. E depois diz: “Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade.

Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a gloria do Senhor, somos transformados de gloria em gloria na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2 Cor. 3.7-18). Se ele fala: “Todos nós com cara descoberta”, fala da mulher também.

Conclusão

Usar o véu para o culto ou para orar, ou cortar ou não cortar o cabelo, era um ensinamento para as mulheres judias dos tempos de Paulo. Era uma questão meramente cultural. E Paulo ensinou daquela maneira para não causar escândalo aos pagãos. Hoje, a mulher deve portar-se decentemente, dentro dos melhores padrões da nossa cultura.

O sinal do poderio do homem sobre a mulher não está nos cabelos mas no coração e na vida. E não há mais véu de separação entre nós e a presença de Deus. Portanto, temos que nos aproximar de Deus com “cara descoberta”, tanto homens como mulheres.