Lição 06: A Revelação do Mistério Chamado Igreja | EBD – Betel | 4° Trimestre De 2021

EBD Betel | 4° Trimestre De 2021 | Tema: Efésios – Uma Exposição sobre as Riquezas da Graça, Misericórdia e Gloria de Deus | Lição 06: A Revelação do Mistério Chamado Igreja Escola Biblica Dominical

TEXTO ÁUREO

“E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou.” Efésios 3.9

VERDADE APLICADA

A Igreja de Cristo é a portadora da revelação dos mistérios da graça divina a todos os povos e nações.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

Apresentar a nítida visão que Paulo tinha sobre os gentios.
Explicar acerca do mistério revelado a Paulo.
Mostrar que o plano divino não é desconexo. 

TEXTOS DE REFERÊNCIA
EFÉSIOS 3

  1. Como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima em pouco vos escrevi;
  2. O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas,
  3. Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,
  4. Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor,
  5. No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele.

LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA / Rm 16.25 A revelação do mistério que esteve oculto.
TERÇA / 2Co 9.8 Deus é poderoso para fazer abundar a graça.
QUARTA / Gl 4.7 Somos herdeiros de Deus por Cristo.
QUINTA / Gl 5.2 Exortação a conservar a liberdade cristã.
SEXTA / Cl 2.2 Cristo: conhecimento do mistério de Deus.
SÁBADO / 2Tm 1.11 Paulo: pregador e apóstolo dos gentios.  

HINOS SUGERIDOS: 169, 188, 291  

MOTIVOS DE ORAÇÃO

Ore para que seus irmãos em Cristo não desanimem na fé.

ESBOÇO DA LIÇÃO

Introdução
1– A revelação do mistério
2– Paulo, ministro da revelação divina
3– As riquezas do mistério revelado
Conclusão

INTRODUÇÃO

Em Jesus Cristo, judeus e gentios se tornaram um só povo. Agora, Paulo fala acerca do mistério que esteve oculto em Deus durante os séculos, a igreja [Ef 3.9].

PONTO DE PARTIDA

A Igreja é portadora da revelação da graça divina. 

1. A REVELAÇÃO DO MISTÉRIO

Como mordomo e despenseiro da graça de Deus, Paulo esclarece como esse mistério lhe foi revelado e como foi comissionado a torná-lo conhecido de todos [Ef 3.8].  

1.1. Paulo, o prisioneiro. Paulo se intitula como “o prisioneiro de Cristo”, declarando sua plena confiança em Deus. Ele tinha plenas convicções de que não somente havia recebido a revelação do mistério, mas também havia sido comissionado a difundi-lo entre os povos gentios [Ef 3.5-8]. O teólogo e escritor Martyn Lloyd-Jones afirma que o principal motivo da prisão de Paulo foi seu anúncio do Evangelho de Cristo tanto para judeus, quanto para gentios. Ele enfureceu os líderes judeus com seu estilo de mensagem, estes, por sua vez, o conduziram à prisão em Jerusalém, e, posteriormente, a Roma. Na perspectiva de Paulo, a prisão não era algo que lhe causasse transtornos ou infelicidade, era para ele um grande privilégio. Paulo acreditava na soberania de Deus e estava ciente de que tanto sua vida, quanto sua prisão, estava sob o senhorio de Jesus.

Subsídio do Professor: Essa epístola foi escrita por Paulo quando estava preso em Roma e esperava comparecer em juízo perante Nero [At 23.11; 25.11-12; 26.32]. Aquilo que para muitos era visto como provação, na visão de Paulo era uma oportunidade. Paulo sabia que era o protagonista de uma causa importante, por isso em nada atribuía seu encarceramento a Nero. Ele tinha plena certeza de que estava no centro da vontade de Deus, e isso por si só era suficiente. Ser prisioneiro de Cristo era para ele muito mais que um cárcere, era mais uma oportunidade de servir ao Senhor.

1.2. Paulo, o despenseiro. Paulo cita que o Senhor o comissionou como um despenseiro do “mistério” que lhe havia revelado, e lhe deu a responsabilidade de compartilhar esse mistério com os gentios. Paulo não era apenas um prisioneiro de Jesus Cristo, era também um ministro enviado por Ele para revelar aos gentios as riquezas incompreensíveis e ocultas até então [Ef 3.7-8]. Paulo havia recebido de Deus uma “dispensação” (administração). O termo “dispensação” vem de duas palavras gregas: oikos, que significa “casa”, e “nemo”, que significa “distribuir, repartir”. Indica a administração da casa, ter a chave do cofre ou ofício de alguém que a administrava. Como administrador, Paulo deveria revelar o propósito da graça de Deus a todos os homens indistintamente.

Subsídio do Professor: A mordomia de Paulo consistia em que pudesse ir aos gentios com as boas novas da salvação em Cristo e, também, com a mensagem de que, a partir de então, judeus e gentios eram um em Cristo. Não bastava a Paulo apenas ganhá-los para Cristo ou abrir novas congregações locais. Ele deveria ensiná-los acerca dos privilégios que a graça lhes outorgava e da maravilhosa posição que receberam como membros do Corpo de Cristo, onde em pé de igualdade com os judeus se tornaram coerdeiros de um mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo [Ef 3.5-6].

1.3. Paulo, o embaixador. Os judeus, como dito anteriormente, viam os gentios como incapazes e indignos. Em hipótese alguma, na visão deles, os gentios eram merecedores da glória e da graça divina. Para eles os gentios somente serviam para serem escravos de Israel ou aniquilados [Is 45.14; 60.12]. É neste cenário que Deus nomeia Paulo como seu embaixador, para lhes revelar que todos tinham o mesmo direito, sendo judeu ou não [Ef 3.6]. Para Paulo seu comissionamento era um grande privilégio, ele se intitula como o mínimo de todos os santos, e deixa bem claro que o cargo no qual havia sido investido era um dom da graça de Deus, um fato que é enfatizado repetidamente nas epístolas [Rm 1.1; 1Co 1.1; 15.10; 2Co 1.1; Gl 1.1].

Subsídio do Professor: Desde o início da vida cristã do apóstolo, Deus deixou claro para ele que o havia chamado para levar o Evangelho aos gentios [At 9.15; 26.13-18], e Paulo permaneceu fiel a esse chamado. Paulo jamais olhou para a vida a partir de uma perspectiva puramente humana. Ele sempre a via pela ótica da soberania divina. Ele compreendia perfeitamente que a revelação do mistério a ele concedido estava recheado de duas grandes realidades: revelação e comissão. Ele entendia que o favor divino não lhe fora concedido como um “luxo” para ser desfrutado privadamente, tinha plena consciência de que havia sido comissionado para anunciá-lo mesmo com padecimentos [At 9.15].

EU ENSINEI QUE:

Como mordomo e despenseiro da graça de Deus, Paulo esclarece como esse mistério lhe foi revelado e como foi comissionado a torná-lo conhecido de todos.

2. PAULO, MINISTRO DA REVELAÇÃO DIVINA

Paulo recebe uma comissão especial da parte de Deus, que de maneira clara e precisa lhe revela o mistério oculto que deveria compartilhar com os gentios, o mistério da Igreja [Ef 3.8-10].

2.1. Entendendo o mistério que esteve oculto. Por três vezes nesse parágrafo Paulo faz uso das palavra “mistério” [Ef 3.3-4, 9]. Essa palavra no grego não possui o mesmo significado do nosso português. Um “mistério” em nossa língua portuguesa significa algo obscuro, secreto, enigmático, inexplicável, e até mesmo incompreensível. Strong registra que em o Novo Testamento, era uma palavra usada a respeito de fatos, doutrinas, princípios etc., não revelados previamente. De acordo com John Stott, Deus não reserva Seus mistérios para uma elite espiritual. Eles são verdades, que, mesmo estando além da compreensão humana, foram revelados por Deus e pertencem abertamente a toda a igreja. Para o apóstolo, o “mistério” era um segredo que esteve oculto, mas agora desvendado [Ef 3.5].

Subsídio do Professor: O mistério revelado a Paulo diz respeito a Cristo e a um único povo, judeu e gentio. Tudo o que está sendo revelado já existia, estava guardado e oculto em Deus. No plano eterno o Senhor via tanto judeus quanto gentios como membros comuns do mesmo corpo e participantes da mesma promessa. Como frisou o pastor e teólogo Hernandes Dias Lopes: “O mistério de Cristo é a união completa entre judeus e gentios, através da união de ambos com Cristo. É essa dupla união, com Cristo e entre eles, a substância do mistério” [Ef 3.6].

2.2. A natureza do mistério revelado. Com muita clareza Paulo fala da natureza do “mistério” que o Senhor lhe havia revelado. O mistério era que gentios e judeus seriam colocados na mesma base; pela fé em Cristo, eles seriam incorporados a um novo corpo: a Igreja. E Cristo era a cabeça desse novo corpo [Ef 3.6]. Paulo também apresenta três aspectos importantes desse mistério para os gentios: a) os gentios são herdeiros em conjunto com os judeus, de algo que somente por adoção se tinha direito; b) os gentios se tornaram membros do mesmo corpo, isto é, a Igreja; c) eles também eram participantes da promessa em Cristo Jesus através da pregação do Evangelho, ou seja, participariam do benefício da promessa em Cristo Jesus, quando cressem, ao ouvirem a pregação do Evangelho [Rm 9.24-26].

Subsídio do Professor: Três coisas importantes acontecem conosco quando recebemos a Jesus Cristo em nossas vidas: a) tornamo-nos coerdeiros. Um herdeiro é aquele que tem direito a tudo que o seu Pai possui; b) tornamo-nos membros do mesmo corpo. Isto nos fala de unidade, um membro fora do corpo morre e apodrece. Fala-nos também de proteção, pois um predador só será bem-sucedido se atacar os que estão desgarrados do grupo; c) tornamo-nos participantes da promessa. O Senhor nos prometeu vida, e vida com abundância, uma vida vitoriosa e cheia de alegrias mesmo em meio às crises [Jo 10.10; Ef 3.6].

2.3. A humildade e seriedade de Paulo diante do mistério. Paulo revela algumas coisas importantes sobre sua comissão: ele fala que foi feito ministro segundo o dom da graça, ou seja, ele recebeu um chamado, não saiu por conta própria, também não está falando o que ouviu ou aprendeu com os outros, está falando das coisas que o próprio Deus lhe revelou e o enviou a dizer. Dessa forma, o apóstolo deixa claro para os destinatários da carta tanto sua autoridade como enviado, quanto a maneira pela qual ele recebeu o conhecimento e a origem da mesma [Ef 1.9-11; 3.1-7]. Ele considerava a si mesmo como o mínimo de todos, reconhecia o grande privilégio de ser o portador de uma tão poderosa revelação [Ef 3.8].

Subsídio do Professor: Quando Paulo afirma que era o “mínimo de todos os santos”, ele não está usando de hipocrisia nem tampouco depreciando a si mesmo. Ele age com muita simplicidade e sinceridade. Ele está profundamente consciente tanto da sua própria indignidade (porque sabia quem era, o que fez para com aqueles que serviam a Jesus, e como Deus entrou em sua vida), quanto a misericórdia de Cristo que transbordava sobre si. Paulo era o cartão postal da graça que anunciava, por esse motivo falava acerca de si mesmo [1Tm 1.13].

EU ENSINEI QUE:

Paulo recebe uma comissão especial da parte de Deus, que, de maneira clara e precisa, lhe revela o mistério oculto que deveria compartilhar com os gentios, o mistério da Igreja.

3. AS RIQUEZAS DO MISTÉRIO REVELADO

A mensagem de Paulo era de boas novas grandiosas para os gentios. Consistia nas insondáveis riquezas de Cristo, as riquezas que Cristo possui em si mesmo e que outorga àqueles que vêm a Ele.

3.1. O mistério revelado no Novo Testamento. Desde o princípio, os gentios faziam parte do plano de Deus, e Paulo era o instrumento do Senhor para revelar à igreja em Éfeso a participação plena dos gentios na salvação efetuada na cruz. Sua grande preocupação era desfazer o falso ensinamento que havia sido disseminado por alguns judeus convertidos, como encontramos em Atos 15.1, 5 e Gálatas 5.1-4. Alguns judeus afirmavam que para poder fazer parte da herança prometida a Israel, era necessário se submeter ao cumprimento de alguns ritos e cerimônias estritamente judaicas. Todavia, Deus revelou a Paulo que a graça era suficiente e que esses ritos judaicos não tinham validade alguma no Novo Pacto. Era com base nos méritos de Cristo que os gentios passaram a desfrutar de todas as bênçãos divinas [1Co 12.13; Ef 2.13].

Subsídio do Professor: Elienai Cabral comenta que os gentios são participantes das promessas de Cristo e formam um só corpo espiritual com os judeus, cujo resultado único é a Igreja [1Co 12.13]. A Igreja é a união de todos os crentes em Cristo, independente de raça, língua ou nação. Ela é a constituição divina formando um só povo, uma só fé, um só Senhor [Ef 4.1-7], todos com os mesmos privilégios, cuja participação na filiação a Deus é direito comum a todos quantos receberem a Cristo Jesus como Salvador [Jo 1.12].

3.2. O propósito pré-estabelecido por Deus. No entendimento de muitas pessoas, os gentios entraram em cena porque os judeus recusaram a Jesus e Seu Evangelho. Mas Paulo nos lembra aqui que a salvação dos gentios (nossa própria salvação) não é uma ocorrência tardia de Deus; não é algo que Deus aceitou como um bem secundário porque os judeus rechaçaram sua mensagem e convite. Atrair todos os homens a seu amor era parte do desígnio eterno de Deus. Tudo foi elaborado por Deus antes mesmo de o homem ser formado, nada aconteceu sem um propósito. Tudo foi criado para acontecer no seu devido tempo sem margem de erros. O plano divino não é desconexo, a igreja não nasceu acidentalmente [Ef 3.9-11].

Subsídio do Professor: Em seu propósito eterno, Deus escolheu um povo para si mesmo, e para reinar juntamente com Ele. E no tempo certo enviou a Jesus Cristo para que nos reconciliasse com Ele e uns com os outros. Esse propósito eterno já tinha Jesus Cristo como a razão de tudo, pois tudo estava contido nEle [Ef 3.11-12]. Em obediência a esse propósito, a Igreja segue para o seu destino eterno, onde cada crente em Cristo, particularmente, como parte da Igreja, tem ousadia (liberdade) em Cristo e acesso (livre entrada) ao Reino de Deus, e Cristo a única via desse acesso [Jo 14.6]. 

3.3. As riquezas insondáveis de Cristo. Paulo já tinha feito uso da expressão “riquezas” (Ef 1.7, 18; 2.7), mas, agora – 3.8 – ele acrescenta um adjetivo – incompreensíveis (gr. “anexichniaston”) ou insondáveis (NAA). John Stott diz que significa, literalmente, “cuja pista não pode ser achada”, indicando tratar-se de algo que não é possível se obter mediante esforços humanos. Na versão grega de Jó 5.9 e 9.10 se refere às obras de Deus. Encontramos também este adjetivo em Romanos 11.33. Mas, “agora tem sido revelado” (Ef 3.5) e somos chamados a participar destas riquezas! Elas refletem tudo o que se refere à gloria de Cristo, sua divindade, a salvação, a libertação da escravidão da carne, sua glória meritória na cruz do Calvário. Da mesma forma que o mar se torna insondável por sua profundidade, assim são essas riquezas. Elas são todas nossas e estão à nossa disposição. Deus não poupou riquezas ao nos salvar [Ef 1.3].

Subsídio do Professor: Proclamar aos gentios as riquezas insondáveis de Cristo era apenas parte da tarefa de Paulo. Essa missão era mais ampla em dois aspectos: a) estava relacionado não apenas aos gentios, mas também a todos os homens [At 9.15]; b) estava relacionado não apenas à proclamação do Evangelho, mas também à iluminação dos olhos dos homens, para que pudessem ver como esse Evangelho, aceito pela fé, operaria no coração de todos os homens. O Evangelho é tanto a verdade da parte de Deus quanto riquezas para a humanidade.

EU ENSINEI QUE:

A mensagem de Paulo era de boas novas grandiosas para os gentios. Consistia nas insondáveis riquezas de Cristo, as riquezas que Cristo possui em si mesmo e que outorga àqueles que vêm a Ele.

CONCLUSÃO

Ao expor todo o mistério que lhe fora revelado e anunciar as riquezas insondáveis de Cristo, Paulo apresenta-lhes um intenso rogo para que seus amigos não desanimassem. Que exemplo admirável e motivador [Ef 3.13].

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